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COPA DE 2014

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Fim da Série D? Futebol brasileiro precisa é fortalecer a Série C


Torcida do Paysandu sonha em sair da Série C em 2011 | Foto: Everaldo Nascimento/Diario Online
Aqui e ali ouço vozes pedindo o fim da Série D.
Pessoas que acham que isso seria o melhor para times tradicionais como o Santa Cruz.
Discordo totalmente desse raciocínio.
Isso não melhoraria em nada o futebol brasileiro.
Prejudicaria o desenvolvimento da Série C, pois ela passaria a ter pelo menos mais 20 clubes, inchada e mais descaracterizada do que já é. Voltaria a ser um balaio de gato, como há alguns anos, quando tinha 64 equipes.
O correto, por parte de quem está à frente do futebol brasileiro, seria o contrário: fortalecer a Série C. Competição que necessita ser mais longa. Ter mais jogos. Ter perenidade no calendário anual. Com a mesma quantidade de times, 20, mas modo de disputa diferente.

A SÉRIE C ATUAL
Hoje a Série C é disputada da seguinte forma. Primeira fase: quatro grupos com cinco times cada, regionalizados. Após jogos entre si, ida e volta, totalizando oito rodadas, de cada grupo, os dois primeiros avançam para a segunda fase e o pior é rebaixado à Série D. Segunda fase: os oito classificados se dividem em dois novos grupos, com quatro times, jogando entre e si, ida e volta (seis rodadas). O primeiro e o segundo colocados de cada grupo sobem para a Série B. É também realizada a final com o primeiro colocado de cada grupo, com jogos de ida e volta.

Dessa forma, ao todo, 12 equipes (60%) realizam 8 jogos; seis equipes (30%) realizam 14 jogos; e os finalistas realizam 16 jogos.
Ipatinga e Brasiliense estão classificados para a segunda fase da Série C; times podem subir para a Série B fazendo apenas 14 jogos
Um campeonato em que mais da metade das equipes só realiza oito jogos não pode ser levado sério comercialmente. Não atrai patrocinadores. É péssimo atrativo para jogadores. Exceções: Liga dos Campeões da Europa e Libertadores da América — competições continentais com os melhores de cada país. Mas estamos falando da Terceira Divisão Nacional. Com times que no momento têm pouquíssima evidência no cenário nacional. E que precisam de uma exposição maior. Algo só viável com a perenidade da liga.
Paysandu-PA e Rio Branco-AC brigarão por acesso em quadrangular com CRB-AL e América-RN

UMA SÉRIE C MELHOR

Eu sugiro a mudança na fórmula da Série C. Que ela passe a ser como a antiga Série A ou a antiga Série B antes dos pontos corridos. 

Na Série A, até 2002, as 20 equipes jogavam entre si na primeira fase, que consistia em um turno classificatório, com jogos só de ida (19 rodadas). Os oito primeiros colocados se classificavam para a segunda fase, com mata-matas: quartas de final, semifinal e final. Em 2003, a Primeira Divisão passou a ter disputa em pontos corridos, com jogos em ida e volta.

Na Série B, até 2005, a primeira fase era igual à da Série A: 20 equipes jogavam entre si, jogos só de ida (19 rodadas), passando oito. A diferença é que então havia dois quadrangulares (um com o 1º, 3º, 5º e 7º, outro com o 2º, 4º, 6º e 8º). Os dois primeiros de cada faziam um último quadrangular. E nesse quadrangular, os dois primeiros subiam para a Série A. Em 2006, a Segundona passou a ser em pontos corridos.

A Série C poderia ser de uma dessas duas formas. Os times jogariam no mínimo 19 vezes, na primeira fase. Haveria condições de se planejar. 

Quanto à segunda fase, vale lembrar que quatro times subiriam. Então, no caso de mata-mata, os semifinalistas garantiriam a vaga. No caso de quadrangulares, os dois que passassem do primeiro quadrangular estariam classificados à Série C.

A opção pela fórmula pré-pontos corridos na Série C seria o meio-termo entre o atual e o ideal, que seriam os pontos corridos, como nas primeiras divisões.

O problema de uma mudança imediata da Série C para a fórmula de pontos corridos é que a quantidade de jogos passaria para 38. Um salto enorme. Que provavelmente ainda não há condições de fazer. Ficaria caro para os times, que não recebem o apoio adequado da CBF. 

Hoje, os pontos corridos não seriam viáveis. Mas poderiam tornar-se caso a CBF ou a organização que gerir a competição custeie os gastos com viagens, ou seja, passagens e hospedagem para as equipes. Em tempo: é obrigação da CBF atrair investimentos nas divisões inferiores.
Rio Branco-AC tem contado com uma torcida expressiva em seus jogos
Os times que disputam a Série C precisam ter condições de participar da fórmula aqui proposta. Mesmo com longas distâncias para viajar. Os que não aguentarem, que sejam despromovidos. A Série C não pode ser muleta. Tem que ter times em condição de disputa.

E existem times capazes de formar um campeonato interessante na Série C. Na atual temporada, participam alguns times que estiveram na Série A pelo menos uma vez nos últimos dez anos — Paysandu, América-RN, Fortaleza, Brasiliense e Ipatinga. Outros times como Caxias-RS, Joinville-SC, bem como os já rebaixados para a Série D 2012 Campinense, Marília e Santo André, também poderiam participar, como já participaram da Série B há poucos anos.

Sem falar na Série D, onde estão Santa Cruz, Juventude-RS e Sampaio Correa-MA; além do Remo, que nem conseguiu a classificação este ano.
Últimos campeões da Série C
CONCLUSÃO

Nos últimos anos, a Série B passou a ser interessante, pelo fim da virada de mesa, pela presença de alguns grandes times do país rebaixados, pela mudança para os pontos corridos. Criou músculos. Hoje ela tem todos os jogos transmitidos no Pay-per-view. Chama atenção. Tornou-se frequente jogadores que se destacam receberem propostas do exterior.

Chegou a vez de o futebol brasileiro dar um novo passo adiante. Dar vigor à Série C. Quando o Brasil tiver uma Série C forte, com estabilidade, poderá passar a valorizar mais a Série D.

Já pedir a exclusão da Série D reflete ou incompetência ou egoísmo. E não é solução de nada.

blogdotorcedor

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